Na senda de uma calçada romana com visita ao "Tio Ruca" - 12 de fevereiro de 2013

Durante o verão, nas nossas voltas com a bicicleta de roda fina, ao passar pela vila de Murça, avistávamos ao longe e com íngreme inclinação, uma calçada romana muito bem conservada, bem como, uma ponte romana muito bonita que atravessava o rio Tinhela. Abria-nos o apetite para uma descida BTT.

Há uns tempos a esta parte, em conversa com uma pessoa amiga da localidade do Pópulo, questionava-a se conhecia tal calçada. As dicas que nos foram dadas por essa pessoa teriam de nos levar à localidade de Cadaval, porque, era por aquele local que, em criança, ela descia e subia desde a vila para a sua terra.
Nada melhor que ir ao nosso amigo Google Earth e, mais ou menos pela localização, traçar alguns pontos por onde deveríamos passar.
O trajeto que idealizámos levava-nos até à localidade de Asnela, passando por Alfarela, Carva e Alto do Pópulo.

Saímos por volta das 8.30 da manhã com temperaturas negativas e muita água nos trilhos, proveniente do descongelamento da neve que tinha caido no dia anterior. O primeiro contratempo deu-se na passagem por Alfarela quando, na paragem para a primeira foto se ouve um barulho estranho de algum pneu a esvaziar…o liquido anti furo acumulou-se na válvula e a mesma não ficara bem fechada…o pneu estava vazio…o primeiro aquecimento deu-se logo a encher o pneu com uma daquelas bombas miniatura.

Posto isto, o Zé decide inventar mais umas coisas e na localidade de Cortinhas, porque não lhe estava a apetecer subir, decide ir pelo vale em direção à Carva por uma trialeira com grandes pedras cheias de musgo e água…azar…que a determinado momento se decide por um caminho sem saída, o que nos obrigou a avançar um muro e a atravessar uns lameiros completamente inundados, até ao caminho mais próximo.

Nas proximidades de Carva seguimos em direção a Asnela onde ainda se viram alguns vestígios da última nevada. Até ao alto acompanhou-nos sempre nas bermas.

Já na zona planáltica entre Asnela e o Alto do Pópulo passámos por uns afloramentos graníticos imponentes e mais à frente uns quilómetros, vimos uma Necrópole Megalítica.

Na descida para a localidade de Cadaval o Zé seguia à frente a velocidade considerável quando, a determinado momento, entra numa zona pantanosa que à distância não era percetível, a sorte foi que conseguiu sair da bicicleta pelo para brisas sem danos…a bicicleta ficou completamente enterrada na lama.

Depois de passarmos nuns quantos charcos, deu para limpar um pouco a lama e aliviar um pouco de peso nas bikes, proveniente da lama.

A descida para a localidade de Cadaval faz-se a bom ritmo até chegar ao trilho que, à partida nos levaria à calçada que procurávamos. Desceu-se a boa velocidade, até que a determinado momento decidimos abrandar e apreciar a paisagem, afinal aquela era uma zona nova para nós…até que chegámos!

Fantástica esta calçada! Larga, muito bem conservada com pedras(molhadas) que nos obrigava a atenção redobrada. Parámos várias vezes para umas fotos até que chegámos às imediações da ponte e aí vimos um marco com umas inscrições que praticamente estavam ilegíveis, ao atravessar a ponte encontrámos um outro monumentos de uma beleza singular, presumimos que aquele seria um locar de culto dos viajantes que por ali passavam.

 

 

 

Subimos até à vila de Murça e nas primeiras casas parámos quando vimos um busto granítico. Estava por ali um senhor a quem demos os bons dias. Perguntámos-lhe se nos conseguia dizer o que representava aquele busto e disse-nos: “É o tio Ruca”… no imediato associamos o nome aos desenhos animados que vamos vendo em casa com as nossas pequerruchas…de facto, não tinha cabelo ou marcas do mesmo… começámos a fazer a associação do busto ao nome…entretanto o senhor soube-nos dizer que na zona daquele marco era onde se fazia o transbordo dos cavalos na altura e, ao mesmo tempo, local de confluência de outras vias romanas. A que descemos seguiria para sul/Lisboa e a outra para Vila Pouca/Braga.

 

 

Depois de uns minutos à conversa, seguimos para o cimo da calçada passando por baixo da N15 (Ainda bem que tiveram o cuidado de preservar a calçada, ao contrário de outros que se fartam de destruir património).

 

De Murça seguimos pela estrada nacional até à ponte. Aí tinha-se traçado no Google Earth umas variantes para não fazer asfalto mas, a coisa era com uma pendente muito azeda. Já o senhor que tinha falado connosco nos avisara…”hum aí vocês não conseguem passar, o caminho está todo tapado de giestas” de facto estava impróprio. Solução: mais uns metros de asfalto até umas curvas mais acima, até que, mais uma marcação nos convidava a sair novamente para a terra.

Assim fizemos e seguimos até à localidade de Fiolhoso sempre pelo alto da serra. Desde o Fiolhoso até casa foi um instante porque já se conheciam os trilhos que nos trouxeram a casa a horas dignas de almoço….a família aguardava-nos, pelo que, tivemos de fazer os últimos kms de asfalto para que ninguém esperasse por nós, senão corria-se o risco de numa próxima investida nos limitarem o tempo de pedalada….eheheheh

Devemos voltar com o tempo mais seco, com umas variantes interessantes que nos retirarão algum do asfalto que fizemos.

Valeu pelo que vimos, ouvimos e desfrutámos.

 

 

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