A pedalar por França e Suíça

"Missão" Alpe d'Huez

3, 4 e 5 de Julho de 2010

O primeiro fim de semana de Julho, ficará de certeza marcado para os 5 ciclistas que se deslocaram a França/Suíça para pedalar por vários locais, alguns deles míticos, a convite de dois irmãos amantes também das pedaladas.

Na sexta-feira pelas 15 horas carregaram-se as bicicletas, depois de na noite anterior as termos embalado nas devidas caixas.

De saída para o Porto a viagem fez-se num clima de tranquilidade e acalmia, não necessitássemos das forças para pedalar durante 3 dias seguidos, sem saber muito bem o que nos esperava…

 

Depois de termos passado por todas as formalidades de embarque, eis que chega a hora de esperar pelo voo…e que seca nos deram dentro do avião...!!! Mais de uma hora ali sentados, à espera que a greve momentânea dos controladores de tráfego aéreo em França terminasse. O voo estava marcado para as 19.45 e só às 21.10 nos fizemos à pista para rumar a Genève – Suíça, onde os dos manos (António e José Pinto) com as suas famílias nos aguardavam impacientemente.

Lá chegámos e de imediato procurámos as "binas", restava saber onde apareciam as encomendas fora de formato…entretanto o Zé lá conseguiu informações e eis que já um companheiro de pedaladas nos fez o favor de retirar as caixas do tapete, o mesmo também estava à espera da sua bicicleta.

Depois de sermos recebidos pela família Pinto, deslocámo-nos para Morez – simpática vila francesa que distava cerca de 60 Kms do aeroporto. À 1.40 da matina descarregávamos as bicicletas da carrinha e afinámos tudo, isto depois dos nossos anfitriões nos terem apresentado um valente jantar quando chegámos a casa.

Essa noite passou muito rápido, às 5.30 (6.30 locais) deu-se a alvorada para pedalar, afinal era para isso que ali estávamos.

 

DIA 1 

Depois dos devidos aprontos, lá saímos em direcção a Nyon, subindo à estação de Rousses – onde a 7 .ª etapa do Tour terminaria no sábado seguinte, eis que o Manel fura…primeira paragem ainda nem tínhamos aquecido…entretanto deslocámo-nos para território Suíço sempre com os manos Pinto a guiarem-nos por estradas com contornos de enorme beleza.

Passados uns bons 50 Kms, nada melhor que um cafezinho numa zona turística junto de um dos muitos lagos que este país tem. O Adriano colocara à cabeça um lenço com a bandeira de Portugal e logo os empregados do café se meteram connosco, afinal também eles eram Portugueses…lá nos falaram um pouco daquela região e do lago em si. “…Durante o Inverno quando as temperaturas rondam os 30 negativos toda a gente se diverte em cima do lago, chegam-se a formar placas de gelo com 50 cm de espessura…” contavam. Pela pronúncia deparámos que um deles era transmontano, foi agradável aquele pequeno momento de conversa.

 

Desde aí deslocámo-nos para Nyon e chegados a esta fantástica cidade depois de 110 Kms, tínhamos a família Pinto à nossa espera junto ao complexo da UEFA.

O calor apertava, a temperatura rondava os 32 graus e de imediato fomos dar o merecido duche num balneário do complexo.

Depois do merecido almoço, o dia não acabava aqui, o destino no dia seguinte era o Alpe d’Huez e como a ambicionada subida mítica ficava a cerca de 300 Kms dali, tivemos que pernoitar ali próximos.

Entretanto ainda houve tempo para parar um pouco junto do lago de Genève e fazer umas fotos para a posteridade, mas estivemos ali pouco tempo porque estava muito calor…

Os nossos anfitriões escolheram uma cidade fabulosa para passarmos a noite, a linda cidade de Annecy. Ali chegados tivemos que procurar o Hotel, tarefa complicada, mas os GPS não se compadecem com alterações ao trânsito ou quando muito a recentes nomes de ruas…

Eis que o Novotel estava ali!!! Finalmente encontrámos.

Enquanto se procurava o Hotel, reparámos que as ruas daquela cidade estavam muito movimentadas, gente e mais gente, num sábado ao final da tarde, achámos que algo se passaria e viemos a constatar que estávamos numa cidade onde o turismo imperava, quer pela sua história, quer pela sua beleza. O passeio que demos pela cidade foi qualquer coisa de espectacular, lindo demais para descrever, o lago que tinha a água mais pura da Europa, o canal que entrava pela cidade adentro, as casas ornamentadas, a música ao vivo no jardim, os patos a interagir com as pessoas, a arquitectura, o maneirismo (Aqui o Adriano puxou dos galões e deu-nos uma lição de história enquanto admirávamos a arquitectura), o ambiente, enfim, único!!! Valeu a pena conhecer aquele lugar, se puderem, visitem.

De regresso ao Hotel, depois de jantar, havia que dormir porque este primeiro dia foi sem descanso… mas a beleza e o entusiasmo com que ali estávamos não nos cansava!!!

Ah…falta dizer que eu (Sérgio) contraí uma tendinite nos primeiros Kms do dia e temia o que viria no dia seguinte…estava ansioso a ver como reagia o meu joelho.

 

DIA 2

Manhã cedo como de costume levantámo-nos para um pequeno almoço bem recheado. O destino era os Alpes. Estaríamos a cerca de cento e poucos Kms do local programado para “atacar” o Alpe d’Huez.

Nas proximidades do local delineado para deixar os carros já se começavam a ver inúmeras pessoas em bicicletas que se deslocavam até ali…comparámos algumas vezes aqueles ciclistas aos peregrinos que se deslocam a Fátima no dia 13 de Maio. No dia anterior tinham subido o Alpe d’ Huez 8000 bicicletas numa prova que ali houve, só se viam bicicletas, era a loucura!!!

Com calma e num ritmo lento fizemos um ligeiro aquecimento até ao hipermercado para comprar água e encher os bidons para os 13 Kms que ali vinham. Uns olhavam para o morro, outros questionavam os manos Pinto por onde era, outros viam carros pela encosta e perguntavam se era por ali…foi giro…estava tudo com receio porque ninguém conhecia o que nos esperava.

Depois de sair eis que alguém diz” …Já começámos aqui o meu ciclo-computador marca 14%...” Todos olharam uns para os outros tipo aqueles ciclistas profissionais que lêem no rosto do adversário a sua condição física. Foi giro de ver.

Eu fiquei pois estava com receio que a minha tendinite me tramasse, entretanto devagar muito devagar lá fomos subindo, uns a descer outros a subir era um “mundo de gente” em bicicletas naquela manhã. As curvas numeradas iam-nos informando o que faltava e, honra para quem rasgou aquela estrada, em todas elas dá para retirar o bidon e beber pois a inclinação nas mesmas é muito menos acentuada, comparámos isso a zonas de descanso, só que muito curtinhas… 

Depois de chegarmos ao alto só se viam bicicletas, o comércio no sítio era propicio a ciclistas, enfim, catedral do ciclismo sem dúvida!!

Depois da foto de família, havia que desfrutar da descida e das vistas porque a subir não havia tempo para ver nada.

Entretanto combinámos que a descida era feita ao ritmo de cada um mas, a paragem na curva 14 era obrigatória para todos, para a fotografia junto ao busto do nosso grande Joaquim Agostinho.

De regresso aos carros tínhamos pela frente cerca de 350 Kms até casa e lá os fizemos sempre com o mesmo espírito.

Mas mais uma de muitas surpresas que os manos Pinto nos proporcionaram estaria para vir. A ordem ao chegar a casa foi vestir calções, calçar umas sapatilhas e levar umas luvas…hum, o que viria por aí…?!?!?!

Entretanto apresentam-nos equipamento de escalada e dizem-nos que naquela vila existe um percurso de escalada do melhor que há…e de facto é, dá para transpirar, que o diga eu e todos quantos colocaram os pés na primeira ponte suspensa…!!!

O Rui considerou aquele momento a cereja no topo do bolo, não se poderá dizer para todos, porque havia no grupo quem temesse alturas e tivesse vertigens…mas que intensidade!!! De manhã Alpe d’Huez, de tarde, depois de 350 Kms de carro, subir aqueles rochedos todos…!!!

Entretanto uma outra surpresa estaria para vir, durante o jantar algo se estaria a passar e não é que de um momento par ao outro se apagam as luzes???

 

 

Parabéns a você…

 

 

Em frente ao Manuel colocam um bolo com um ciclista e o n.º 48…pensei...foi o prémio do Alpe d’Huez. O Homem chegou lá cima que nem um leão e cortou a linha de chegada a 48Kms/h. Por este feito havia que lhe dar o devido mérito, até um tractor ultrapassou na parte da manhã!!! E não é que tudo foi representado no bolo?

Marcante a todos os níveis esta viagem a França!

 

DIA 3

O último dia de pedaladas e o dia de regresso a casa.

Logo pela manhã (6.30h) partimos para a última etapa/passeio, bastante cedo porque teríamos de desmontar as bicicletas, fazer o devido embalamento e estar no aeroporto a horas.

 

O passeio começou num género de Ecopista com 17 kms de extensão, os quais foram percorridos a ritmo lento desfrutando da natureza envolvente e, por momentos, o Rui encontrou um pequeno rato que se aquecia num dos raios de sol que irrompia por entre a extensa vegetação. Parámos e reparámos que ele pouco se importou pela nossa presença “…até os ratos são diferentes…” dizia o Rui, enquanto lhe soprava no pêlo.

Entretanto seguimos a viagem passando por locais de enorme beleza, sempre rodeados de campos verdejantes e muita floresta.

 

Depois de chegarmos embalámos tudo muito bem e depois de almoço, antes de seguimos para o aeroporto de Gèneve acompanhados da família Pinto os manos resolveram mostrar-nos os seus locais de trabalho, as suas firmas/empresas de óculos e componentes para os mesmos. Aqui deixo um aparte: quem usa óculos, nem imagina o trabalho que dá a concepção dos mesmos, desde o tratamento/processo de fabrico que levam, até às centenas de pessoas pelas quais eles passam..!!! Se fosse a escrever tudo, faria outro relato como este… fica para outra vez.

Já no aeroporto e depois de nos termos despedido dos nossos anfitriões, apanhámos uma enorme “seca” à espera do voo para não estranhar. Entretanto já corriam rumores que o voo iria a ser cancelado à semelhança do de sábado anterior…Todos começámos a imaginar que riscos daí poderiam advir…Depois de 2 horas à espera que nos informassem qual a porta de embarque, lá fomos nós para a outra ponta do aeroporto…

 

O regresso ainda foi feito de dia e pela viagem ao passar os Pirenéus veio-nos à imaginação o Tourmalet a etapa rainha do Tour…vamos ver se arranjamos tempo para ir lá…

 

 

 

Chegados ao Porto e desta vez sabendo já qual o tapete no qual viriam as bicicletas, para lá nos dirigimos e constatámos que as caixas vinham muito mal tratadas, entretanto, falámos com um dos sujeitos que as trazia e ele alertou-nos para uma que vinha em muito mau estado. Não quisemos abandonar o aeroporto sem verificar o estado em que vinham as bicicletas e, na presença de alguém da alfândega, (a isso as leis da companhia obrigava) abrimos as caixas e por incrível que pareça, a forqueta Muscle Carbon da bicicleta do Rui estava partida!!!!

 

Imagine-se a porrada que aquilo não levou para partir uma forqueta…!!!

Burocracia, mais burocracia, preenche papel daqui, liga par Inglaterra dali…enfim….vamos ver o que isso vai dar…

Em suma, grande e fabuloso fim de semana!

Um agradecimento especialíssimo aos manos Pinto (António e José) que desde que pisamos solo estrangeiro, sempre nos acompanharam e por tudo fizeram para que nos sentíssemos em nossas casas, proporcionando-nos durante os três dias momentos únicos e inesquecíveis!!!

Bem hajam!!!