Riscado em cima do joelho - 27 de dezembro de 2014

Depois de no dia de consoada termos pedalado com os amigos Manel e Adriano, eis que passado dois dias o Zé telefona-me durante a tarde para me dizer que no dia seguinte iríamos pedalar novamente…bem…tinha acabado de retirar o equipamento da máquina de lavar completamente molhado…15h…o sol já está quase a esconder-se por detrás da montanha…quis demovê-lo da ideia sugerindo a segunda-feira mas só me mandou desenrascar e secar o equipamento. Lá tive de arranjar forma de o fazer.
As bicicletas estavam em Vila Pouca mas não tinha muita vontade de pedalar para aqueles lados, visto os últimos passeios terem sido por lá. Apetecia-me mesmo o nosso quintal!
Depois de jantar recebo em casa a visita dele e no momento estou a riscar alguma coisa para o dia seguinte, já levava praticamente 35 kms de trilhos e ele diz-me que já tinha uma ideia para o dia seguinte…disse-lhe: desculpa lá mas agora essa terá de ficar para a próxima…
Apetecia-me subir ao ponto mais alto da serra da falperra e contemplar as vistas do Planalto de Jales e daí…seguir umas coisas novas, já nos concelhos de Sabrosa e Alijó.
Às 8h da manhã seria cedo porque as previsões e o céu limpo vaticinavam uma geada valente.
Às 8.30 aí estava ele mas, o forro das luvas havia saído na última volta quando as retirou com as mãos transpiradas e que trabalheira lhe deu “…arranja aí uma colher de pau a ver se consigo meter isto no sítio…” enquanto me dava o riso ele não achava piada à coisa… conclusão 20 minutos à volta das luvas para depois ter de lhe emprestar umas que tinha aqui de reserva…
Começou com alguma má disposição o passeio, mas à medida que os trilhos iam exigindo mais concentração lá se esqueceram as luvas e os 20 minutos que nos fizeram perder.
À saída de Quintã de Jales em direção ao santuário de Nª Srª da Graça vimos uma coisa que nos trouxe alguma nostalgia; uma junta de vacas maronesas a puxar o respetivo carro de bois…há quanto tempo não o víamos…!
Tivemos de parar para fotografar e filmar a situação, só é pena não ir carregado para o ouvir “chiar”… que saudades do tempo de jovens, quando, por vezes, andávamos em cima desses carros carregados de feno, batatas e outros/as pelos caminhos que agora percorremos de bicicleta… era outro tipo de felicidade, saudável também, pura e alegre…

Depois de Quintã rumámos à eólica que está no ponto mais alto da serra para contemplar as vistas e ver no vale o nevoeiro que ultimamente tem assolado a região. Daí seguimos em direção a Pinhão Cel por um caminho com muita pedra, aliás, diga-se que todo o percurso foi rico em pedra!

Depois de passar a localidade, o Zé decide ir a uma ponte que habitualmente a costumamos ver quando passamos de carro, mas nunca a atravessámos de bicicleta, talvez por ser perto de casa…não sei porque, mas acabámos por acrescentar mais uma ao historial de pontes.

De seguida fomos até Torre do Pinhão e por sua vez até às margens do rio Pinhão por um single cheio de água/lama e bastante pedra, mas muito agradável.
Chegados ao rio vimos alguma coisa que em nada nos agradou…um tubo de esgoto a verter a água para o mesmo…e pensava eu que isso não existia por estas bandas…

Os riscos em cima do joelho por vezes dão-nos partidas, embora tivesse caminho lá tivemos de pular a cerca, para daí seguir para Souto Escarão. Foi a primeira vez que fomos a essa localidade.

Foi fantástica a navegação por entre vielas e quelhas da localidade “emparedados” por muros graníticos de habitações e estábulos de animais. A pacatez da aldeia era notória até nos animais que pela manhã se refastelavam nas soleiras das portas e nos parapeitos das janelas.

Daí o destino seria as imediações de Perafita mas, como já era tarde (as luvas atrasaram-nos), decidimos seguir em direção à Carva. Eis que no meio do nada e depois de fazer uma boa meia dúzia de kms no nada encontrámos um marco com a cruz de Cristo. Parámos e logo começámos a supor o que seria, ou que significaria.

Depois da Carva parámos junto a uma rocha que me havia sido mostrada por um amigalhaço dos Vilares, o Sr. Salas, um amante da natureza e dos "calhaus". Uma rocha fantástica e com uns contornos que facilmente identificam um crânio ancestral.

Entretanto diz o Zé: “Vamos fazer os singles das Cortinhas e Moreira” bem…pensei…lá terá de ser.
Nas Cortinhas e Moreira a fazer os singles parecíamos os miúdos a brincar…
Desde Moreira até Alfarela fizemos um dos trilhos mais belos que existem pelo Planalto de Jales ainda com bastantes vestígios do outono.

 

“Riscado em cima do joelho”, deu-nos 43 kms de pura diversão e gozo, numa manhã em que o sol esteve tímido mas os trilhos fabulosos!
O próximo acho que vai doer mais…

 

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